domingo, 15 de junho de 2014

Nada é por acaso

Um crítico ou leitor atento vai notar que o El Fanzine 3 é todo ligado, da primeira à última página, por insinuações, citações e referências internas que conectam tanto a capa quanto as histórias entre si (um dos poucos que notaram isso - e comentou o fato em mensagem enviada aos autores - foi Pedro de Luna, do Blog do Jornal do Brasil). Caso você seja um leitor meio distraidão e tenha deixado essas conexões passarem batidas, segue uma lista que vai fazer seu cérebro explodir:

Imagem demonstrando o efeito de uma leitura atenta do El Fanzine número 3

- A capa apresenta quatro personagens atravessando uma rua na faixa de pedestres, e quatro das oito histórias do gibi fazem menção a automóveis, estradas ou trânsito em geral: '70's American Love Story', 'Custo Brasil', 'Mamãe' e 'A Hora e Vez de Carlinhos do Financeiro';

"Ó, não é que é? É verdade, mesmo, hein." Sabemos disso, gata

- A capa é uma referência ao álbum Abbey Road, dos Beatles, e o gibi tem uma história chamada 'In My Life', nome de uma canção dos Beatles (do disco Rubber Soul). Aliás, 'Mamãe', título de outra história, é também o título de uma canção da carreira solo de John Lennon: Mother;

"Ééeéé... hein? Cara, fala essa de novo". Não. Lê outra vez, pô.

- O gibi traz em sua primeira página interna, na história '70's American Love Story', carros acelerando em direção ao leitor e na última página interna, em 'A Hora e Vez de Carlinhos do Financeiro', um carro se afastando do leitor;

Carro vem, carro vai: detalhes da primeira e da última página interna do El Fanzine 3

- O personagem em fuga na primeira história, '70's American Love Story', aparece rapidamente fazendo uma ponta como segurança de hospital na história 'Mamãe';


Figurinha repetida: personagem dá as caras duas vezes

- O protagonista da história 'Mamãe' é taxista e o personagem Carlinhos, de 'A Hora e Vez de Carlinhos do Financeiro', termina a história trabalhando como taxista, pagando diária para o cunhado, dono da autonomia (será o personagem de 'Mamãe' o cunhado de Carlinhos? Se "mamãe" é realmente a mãe do Taxista, isso faz dela a Sogra de Carlinhos?);

"Caraio, véi!". Pois é, pensa nisso aí.

- Enquanto uma mulher torna-se mãe dentro de um carro na estrada em 'Custo Brasil', uma mãe está prestes a morrer em um carro, no táxi de 'Mamãe';

No El Fanzine, mãe só tem duas

- Há uma verdadeira boiada no gibi: um touro na capa, um touro na fachada do hospital, no painel do táxi e no sonho do taxista em 'Mamãe' e uma boiada mesmo em 'Do Outro Lado';

Passa boi, passa boiada

- Há uma chuva de dinheiro em meio a tiros em 'Custo Brasil' e outra em 'Mamãe' (mas nenhuma aqui nos estúdios do El Fanzine, façam acontecer!);

Os tiros, nós dispensamos; já a grana, podem mandar

- Outras coincidências envolvendo os Beatles já haviam sido citadas aqui;

As três capas do El Fanzine (a segunda sem o título) lado a lado
Fora isso, há ligações com edições anteriores do gibi, como o robô da página dois lendo a primeira edição do El Fanzine e os personagens da capa, que ilustraram as duas capas anteriores do gibi - o toureiro, do número 1, e o touro e o participante do festival de San Fermín, do número 2, além do 'caveirinha mariachi', o mascote do El Fanzine. Se você notar mais alguma vai ganhar...
...nossos parabéns.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

MAKING OF - HISTORIETA DE QUINTA 25

"- Você deveria escrever um livro com suas histórias!!"


Então, por insistência, tomei coragem, resolvi fazer tirinha com elas. Na verdade, parte delas.
Fiz um recorte temático da minha vida dentro da escola (atualmente trabalho como professor Municipal no Rio de Janeiro, e posso dizer que minha vida se passou nesse ambiente.

Após ler Liberty Meadows do Frank Cho e perceber como ele conseguia desenhar um Arco de história em diversas tirinhas independentes, alcei fazer o mesmo.
Descobri que "O Sétimo Selo" do Bergman inspirou mais do que "In my life", e que o Frank Cho me plagiou!

LAYOUT (& thumbnails)

Como comentei em outro POST, demorei para encontrar o estilo da história, e certamente, durante os seus capítulos, existirão mudanças. Mas, no capítulo 1, eu adotei um formato Old Schol (pincel e nanquim). E, como nanquim é ruim de apagar, e eu sou maniaco por planejamento esbocei os seguintes thumbnails:
O thumbnail acima é do tamanho da minha digital de polegar - LITERALMENTE!!

Já nesse primeiro Layout dá pra perceber algumas definições como a Perspectiva (ponto de fuga está marcado ali na setinha), a posição dos balões e a referencia ao Piada Mortal.
Escolhi essa perspectiva pq ela induz você a porta de saída (corra! fuja disso!)
Enquanto o enquadramento eu tive que definir melhor (definir melhor = desenhar maior que meu polegar) para mostrar tudo que eu queria, como demonstro na imagem abaixo:


Eu fiz a técnica da divisão dos pontos aureos de uma imagem (no caso é só dividir em 3 partes mais ou menos iguais horizontais e verticais). Os pontos aonde as linhas convergem são os mais atrativos aos olhos humanos, sendo que aquele ali "dourado" é o chamado, adivinhem só, regra de ouro.


É o ponto aonde todo olho humano encosta primeiro quando vê qualquer imagem. E foi por isso que deixei o cartaz de "Terapia" pendurado nele, e da mesma altura dos olhos do personagem principal.
É claro que ninguém deve notar isso... não racionalmente como estou explicando... mas é uma tentativa de dizer:

- Vejam! Fujam! Olhem pra Terapia! É o ponto de fuga! Deixem a "prova pra trás"!

Vejam a página no Lápis e depois Arte Finalizado:




< usar régua e pincel é um problemaço. Agora vou adotar a tática da caneta nanquim >

(SIM! SÃO FOTOS!! EU NÃO TENHO SCANNER!!)

Passei um photoshop (brilho e contraste) e fiz umas hachuras com o tablet.
Após um banho químico o Coringa fica insano. Já a loucura do professor tem outros motivos.

Balões e Letramento

E eu achando que o meu maior problema era fazer retas com pincel. Como diz o Cumpadi:
- Sabe de nada, Inocente!!
Até hoje não sei fazer balões decentes... deixei pra fazer no computador, e ficaram ainda piores. Nada orgânicos. Pareciam feitos com minha mão esquerda durante um ataque epilético.
horrível... eu sei...

Essa acima foi a primeira versão. Reparem que a fonte do título não é a mesma da versão final, bem como os balões.
Após enviar esse "piloto" para algumas pessoas de minha confiança, receber um feedback do tipo:
- Cara, os balões estão muito feios... vc fez com o pé?
Resolvi afinar tudo e deixar do jeito que vcs veêm na versão final do quadrinho.

O título


A escolha do título é ao mesmo tempo uma referencia a música homonima do Pink Floyd que critica os moldes da educação tradicional, assim como uma referencia as iniciais do meu nome:

("Another BriCk")


música: Another Brick In The Wall

Só pra constar, essa não foi minha primeira idéia, e eu não a tive sozinha... passei por
- In my teacher life;
- "sem título"
- Lugar Comum;
- AmBiente Comum;
entre outros...

Após escolher o título apropriado, fui decidir a fonte para ser padrão. Por obviedade escolhi a do próprio disco do Pink Floyd.
capa do Disco THE WALL

O título também sugere uma irônia com o "e esse outro tijolo aqui, vcs já viram?". Mostrando agora lado do professor.

Finalmente, na versão final, eu centralizei (linha verde) toda a história. De modo que página ficasse mais equilibrada (principalmente por causa do professor com as mãos a cabeça). Ela estava mais de um lado do que de outro, e acabei perdendo um pouco do desenho que já tinha feito. Mas o "efeito" das letras sangrando a página ao fundo ficou muito bom.


Em vermelho: O posicionamento das perguntas dos alunos foram uma "seta" que apontam para a cabeça do professor.
- Desculpem  o meu inglês é meio de TARZAN. Eu simplesmente não sabia como escrever...-

Vejam como ficou a tirinha na sua língua original no LINK.
Para quem ainda não me conhece, tem uma entrevista AQUI.


EXCELSIOR!!