Seguem os perfis dos autores, agora com Tito Camello:
Não, Camello não é fã do xará Marcelo, mas piada pronta é como gol feito: não se perde |
Conte um pouco do seu primeiro contato com os quadrinhos. Lembra do primeiro gibi que leu?
Autorretrato de Tito Camello |
Depois desse primeiro gibi, como se desenvolveram seus hábitos de leitura em quadrinhos e como eles mudaram ao longo do tempo? Quais gibis você leu com regularidade? Colecionou alguma série?
Camello no tempo em que rabiscava as mesas em vez de trabalhar no bar do pai |
Um cara chamado "Camello" serviu na Marinha. Vai entender. |
"Tá caro pra caralho, hein? E tá uma merda. Melhor o El Fanzine, que é bom e barato" |
Minha vida estava tomando outros rumos. Só em 2008 eu voltei a ler HQs e a desenhar, quando por curiosidade passei a frequentar o curso de Quadrinhos da escola Impacto RJ.
"Isso aqui não é nada, tinha que ver como ficou o outro cara depois de falar que preferia ler gibi em tablet" |
Sim, leio alguns. Mas com parcimônia. E só aos finais de semana. Não concordo com essa teoria de que tudo o que se publica hoje no mainstream é ruim. Tem coisa boa por aí, mas é preciso garimpar. Dos títulos mensais que saem no Brasil, estou lendo o gibi do Capitão América (mais por causa do Gavião Arqueiro, de Matt Fraction e David Aja, do que as histórias do Capitão, que estão sofríveis) e Universo Marvel (mais por conta do Hulk, de Mark Waid e Leinil Yu, e do FF, de Fraction e Mike Allred). Mas confesso que tenho dificuldades em acompanhar os mensais porque saem nas bancas com mais velocidade do que consigo comprar. Leio também o Demolidor, de Waid e Paolo Rivera, os títulos da Valiant que estão sendo lançadas pela HQM, os quadrinhos nacionais de autores como Danilo Beyruth e Rafael Coutinho, e estou comprando alguns encadernados importados que não são lançados no Brasil. E tudo isso em papel mesmo. Não aderi às massas que baixam scans porque sou velho e gosto do cheiro da tinta impressa no papel do gibi. Quando conseguirem emular esse cheiro nas tablets, talvez eu passe a aderir.
Se tivesse que listar os 10 melhores gibis que já leu, quais seriam?
Difícil responder essa. Mas vou tentar elencar alguns aqui, conforme vou me lembrando: Homem-Aranha (fase escrita por Stan Lee e desenhada por John Romita e John Buscema. Nenhum outro gibi conseguiu superar esse...), Watchmen; Maus; Thor: a saga de Surtur; Homem-Animal (fase Morrison); Batman: a piada mortal; Vagabond (o único mangá que eu respeito); Planetary; e Shade: o homem-mutável.
Esses são os que consigo lembrar agora, mas dá pra citar muitos outros (Demolidor: a queda de Murdock; Jimmy Corrigan; Novos Titãs: o contrato de Judas; Conan Rei; Akira; a minissérie Wolverine e Kitty Pride; American Flagg; Conflito no Vietnã...a lista é grande.)
E pensar que um dia o jovem Camello achou que quadrinhos o ajudariam com as mulheres. SABIA DE NADA, INOCENTE! Até o método da foto acima tem mais garantias de sucesso. |
Eu desenho desde que consigo me lembrar. Fazia desenhos de super-heróis pros amigos do colégio e a tarefa das aulas de educação artística pras meninas, na vã esperança de me dar bem com elas (ah, a ingenuidade juvenil...) Na adolescência, cheguei a desenhar umas histórias nas folhas dos cadernos escolares com personagens de um amigo meu, e lancei uma revista interna que durou dois números com histórias de sacanagem e zoação junto com colegas no quartel, quando era militar. Mas nunca havia feito quadrinhos independentes até o dia em que me juntei com alguns amigos do curso de HQs da Impacto – parceiros da roda de cerveja de sábado pós-aula – para criarmos o EL FANZINE. Foi meu debut (Hummm, boiola!) no mundo louco e trabalhoso dos quadrinhos independentes. Assim como o Rodrigo Nemo e o ABC, participei de todas as 3 edições do ELF. Ilustrei depois duas histórias para o Vagner Francisco, ambas de seu personagem Val – sendo uma delas publicada no ELF3 – e tem outro roteiro dele que vou desenhar saindo do forno. Desenhei para um projeto que ainda não saiu(e nem sei se vai sair um dia!) do roteirista Leonardo Santana. No momento, estou desenhando um roteiro do Leonardo Mello e uma outra história minha para o EL FANZINE 4.
Camello recorda o nascimento do ELF nos sábados no bar (só que a bebida não era Coca-cola) |
"Ah, as alegrias que os quadrinhos proporcionam..." |
Consegue listar suas principais influências?
Moleza: Rob Liefeld...ops! Brincadeira. Acredito que acabamos sendo influenciados de alguma forma por quase todos os artistas que gostamos, mas dá pra citar alguns nomes. Nos quadrinhos: John Buscema, Garcia-López, John Byrne, Jim Aparo, John Romita, Arthur Adams, Rick Leonardi, Walt Simonson, Seth Fisher e muitos outros. No cinema: Ridley Scott, Sergio Leone, Bruce Lee (sim, ele também era diretor), Alejandro Gonzales Iñárritu, David Fincher, Nicholas Ray, Michael Mann, Danny Boyle e muitos outros. Na literatura só vou citar um, que não tem pares: Guimarães Rosa.
Alguma mania na hora de fazer quadrinhos?
Trabalhador só desenha uma página por semana E OLHE LÁ!!! |
"Estou pensando num roteiro agora. E lutando pra ficar acordado até o fizzzz..." |
"Tenho twitter, Instagram, a porra toda." |
Como fazer para seguir você na Internet?
Meu e-mail é titocamello@gmail.com. Mas sou figurinha fácil no Twitter e no Instagram (@titocamello para ambos).
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